Copacabana era um grande areal até o final do século XIX, quando teve início sua urbanização a partir da conexão criada pelo “túnel velho”, como é até hoje conhecido. Nas duas primeiras décadas do século XX, parte da área já estava loteada e chegaram ao bairro linhas de bonde e um novo túnel. A praia servia para lazer e o grande Hotel Copacabana Palace se instalou na região do Lido, impulsionando a transformação da região. Os terrenos se valorizaram e, em 1930, já se viam, no lugar das grandes casas, prédios habitados por moradores de bom poder aquisitivo. Em pouco tempo, Copacabana se tornaria o lugar mais nobre da cidade e uma das praias mais famosas do mundo.
Paralela à praia, a duas quadras do mar, a antiga Rua Buarque, hoje Ministro Viveiros de Castro, é arborizada, mais calma e menos larga do que a Avenida Nossa Senhora de Copacabana e a Rua Barata Ribeiro, mas antigamente era por ela que passava o trajeto principal do bonde. Nos números 100, 104, 110 e 122 há edifícios preservados e conhecidos do início dos anos 1930 que, como o Edifício Julião, sobreviveram a novas ondas de verticalização do bairro. Eles representam um acervo arquitetônico Art Déco do Rio de Janeiro e marcam um momento de inflexão no modo de morar das classes média e alta, não em palacetes, chalés ou casarões, mas em edifícios de apartamentos, condizente com a modernidade anunciada no espaço urbano.
O Edifício Julião está listado como imóvel de interesse cultural, com preservação da altura, volumetria, elementos arquitetônicos e decorativos originais de fachada e seus materiais de revestimento, integrando a Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC) da região do Lido e adjacências. Hoje, a farmácia da Raia ocupa a maior parte do térreo. O acesso aos apartamentos se dá através de uma porta de ferro, sobre a qual aparece o nome do edifício.
