Erechim foi uma colônia agrícola de imigrantes europeus, principalmente alemães, italianos e poloneses, assim como outras cidades da região. Formou-se como núcleo urbano na primeira década do século XX e seu traçado teve inspiração nos de Barcelona, Paris e Belo Horizonte, com a malha viária reticulada atravessada diagonalmente por grandes avenidas. Nessa época, teve início uma transformação no centro da cidade, com a substituição de construções em madeira por outras de arquiteturas modernas, em alvenaria, com previsão de novos usos, mais voltados para o cotidiano urbano, com cafés, cinemas e comércios diversos.
A Raia de Erechim ocupa o imóvel onde esteve, até 1971, o famoso Café Grazziotin, vizinho ao primeiro cinema de Erechim, na Avenida Maurício Cardoso, que compõe o eixo norte-sul da cidade, e contava com um canteiro central expandido para catorze metros de largura, além de faixas de passeio de cinco metros cada. Estilo utilizado na construção dos pavilhões da Exposição Comemorativa do Centenário Farroupilha realizada em 1935, em Porto Alegre, o Art Déco logo se espalhou pelo estado do Rio Grande do Sul e foi incorporado na arquitetura de Erechim por diversos profissionais, às vezes apenas nas reformas de fachadas, mas ganhou destaque com o construtor austríaco José Pohl, entre outros nomes.
A família Grazziotin era dona do Hotel Grazziotin, localizado a uma quadra do café que a viúva, dona Anita Gollin Grazziotin, mandou construir em 1946 após a venda do hotel. Durante trinta anos, o café teve uma atividade diária em que estava sempre cheio, atraía artistas e políticos e era frequentado por aqueles que vinham de fora da cidade. Nos fundos foi aberta pelo filho de dona Anita a boate Berro d’Água e havia também uma sala de carteado, com acesso pela lateral direita.