LUGARES DE CUIDADO E MEMÓRIA
Raia e Drogasil: arquiteturas de interesse histórico
HISTÓRIAS

Rua da história, rua de histórias

Toda cidade brasileira de médio porte tem sua rua principal. Ali se situam grandes lojas, bancos, bares, escolas e instituições públicas e privadas. É o local onde circulam ideias, ocorrem encontros e se formam amizades.
Em Alegrete, RS, essa rua é a Rua dos Andradas. Originalmente Rua do Arvoredo, ela ganhou o novo nome após a Proclamação da República, tornando-se uma das mais importantes do município. Cheia de atrações, chamava a atenção do menino Túlio da Silva Cruz. Um de seus sonhos, inclusive, era morar ali.

Nessa altura Túlio residia no popular bairro Vila Isabel. Nascido em 1960, ele aproveitou com folga o privilégio de ter uma infância livre de amarras e fez o que toda criança da época fez, exceto por uma de suas distrações. Essa não era nada comum em outras partes do Brasil.

Túlio e seus amigos gostavam de ir de bicicleta até perto da linha férrea para ver o descarregamento do chibo, ou contrabando de produtos argentinos, feito por comerciantes locais. “Como Alegrete era a segunda parada logo depois de Uruguaiana, na fronteira, em certo ponto o trem diminuía a velocidade e uns sujeitos atiravam fora batata inglesa, torrones, balas de leite, compotas e até sacos de farinha de trigo de sessenta quilos. Era uma mercadoria rara e muito cobiçada.”

Chegando à juventude, Túlio trabalhou na empresa de bebidas do pai, a Caçulinha, até que decidiu fazer o voo solo, apostando numa distribuidora de gás. O projeto deu certo, ele conseguiu juntar recursos e, como o preço dos imóveis não era tão elevado, pôde finalmente realizar o sonho de criança, comprando não uma, mas algumas casas na Rua dos Andradas.

Um desses imóveis, situado na esquina da Andradas com a Rua Vinte de Setembro, remonta à ocupação inicial da cidade e pertenceu a uma família de pecuaristas, os Dorneles. Sua fachada é composta de elementos simples, como a platibanda que esconde o telhado, marcada por friso, e por aberturas regulares de vergas retas, voltadas diretamente para a rua. “Apesar de ter entre oitenta e cem anos de existência é uma construção sólida e feita com materiais resistentes”, ressalta Túlio.

Como não havia sido tombada, pequenas modificações foram feitas no pátio para abrigar três lojas. A casa principal, no entanto, permaneceu inalterada, tendo sediado por alguns anos a loja +De, do ramo de utilidades domésticas. Hoje abriga uma unidade da Raia.


Ao contrário da maioria dos municípios brasileiros, Alegrete ainda tem uma boa quantidade de imóveis de valor histórico. Pelo menos vinte edificações do início do século XX já foram recuperadas, enquanto outras, igualmente preciosas, aguardam a vez de receber investimentos para sua preservação. “Cuidar da memória é importante”, conclui Túlio, que fez, com apoio da Raia, sua parte na Rua dos Andradas. O patrimônio histórico do Rio Grande do Sul agradece.

ESQUINAS COMERCIAIS

Rua Vinte de Setembro, Alegrete

ESQUINAS COMERCIAIS

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