LUGARES DE CUIDADO E MEMÓRIA
Raia e Drogasil: arquiteturas de interesse histórico
HISTÓRIAS

Prescrição de bom-humor

Brasília era uma cidade jovem e promissora, com sua aura modernista e diferente de tudo, emprestada pela impressionante arquitetura branca, de linhas retas e curvas e sem ornamentos de Oscar Niemeyer, quando Aristóteles Machado de Queiroz resolveu deixar o município de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, PB, para ali tentar a sorte.

Como muitos à época, ele viu na nova capital uma oportunidade para melhorar de vida. Cerca de 100 mil imigrantes se dirigiram para a cidade apenas nos seus primeiros dez anos de existência.

Chegando ao Brasil central, primeiro arrumou emprego em uma padaria, mas logo em seguida abriu um comércio de carros. Viu que tinha jeito para o ofício, e passou desse empreendimento para um escritório imobiliário. Foi uma decisão feliz e duradoura. Aristóteles trabalhou nesse ramo até completar oitenta anos, fazendo muitos negócios e amizades. Teria continuado por mais tempo, aliás, mas então aconteceu um revés.

Nessa época apareceram sinais de esquecimento e certa confusão mental. Foi ficando apático, desinteressado, e por fim constatou-se que ele começava a desenvolver um problema de demência senil.
Como o problema se agravava, sua filha, a funcionária pública aposentada Dalila Lúcia de Azevedo Queiroz, teve que assumir duas responsabilidades: a primeira, dar continuidade ao trabalho do escritório, e a segunda, dedicar tempo ao pai. Definitivamente, ele precisava de seus cuidados.

Dalila passou então a levar o senhor Aristóteles aos consultórios de neurologistas, psiquiatras, ortopedistas e geriatras. Como consequência, começou também a frequentar mais assiduamente a Rua das Farmácias, como é
conhecida a via localizada na quadra 102 da Asa Sul, em Brasília. Não por menos: ela foi prevista exclusivamente para esse fim no planejamento urbanístico concebido por Lucio Costa e agrupa unidades de várias redes.

Apesar de ter uma dúzia de opções à disposição, Dalila escolheu a unidade da Drogasil da 102 Sul. “Eu já ia àquela farmácia há uns dois anos, mais ou menos, mas o laço se fortaleceu realmente com o problema do meu pai”, ela diz. “Aquele lugar se tornou o meu reduto.”

Com o tempo, Dalila precisou dar assistência a outro parente, tendo que comprar medicamentos psiquiátricos. Com a carga aumentada, não foram poucas às vezes em que sua saúde emocional ficou em segundo plano. Indo para lá, porém, encontrava um antídoto contra o desânimo: “Ninguém gosta de comprar remédios, por isso é importante que você encontre pessoas que te acolham com empatia e bom humor. Foi o que aconteceu comigo. Posso dizer que de uma necessidade nasceu uma amizade”.

A relação se tornou tão positiva que Dalila a mantém tanto com os novatos quanto com ex-funcionários que encontra ao circular pela cidade. E mais. Todo fim de ano ela faz questão de bater um bolo e levá-lo para a festa da equipe. “Quando vai chegando perto eles já avisam: ‘Ó, a festinha vai ser tal dia’, e eu já começo a pensar na receita. É muito bom. É como se eles tivessem se tornado uma extensão da minha família.”

A CIDADE MODERNISTA

Rua das Farmácias, Brasília

A CIDADE MODERNISTA

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HISTÓRIAS

Pessoas e histórias nos lugares de cuidado da Raia e Drogasil

Nas farmácias, todos os dias, pessoas são cuidadas e vínculos são criados. Conheça os protagonistas e as histórias vividas nas nossas lojas.

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