LUGARES DE CUIDADO E MEMÓRIA
Raia e Drogasil: arquiteturas de interesse histórico
HISTÓRIAS

O velho conhecido e o porto seguro

Uma casa pode ter um papel importante na nossa vida, mas é impossível saber o tempo em que isso se dará. Para uns o encontro pode acontecer cedo, para outros demora um pouco mais.

O sobrado onde hoje se encontra a farmácia da Drogasil em Itatiba sempre esteve à vista do funcionário público Paulo Degani. Na infância, sua casa distava pouco mais de cem metros dali. “Quando eu nasci, a construção já era antiga. Deve ter sido erguida no último quartel do século XIX.”

A obra chama mesmo a atenção. Ela tem pavimentos altos, telhado em beiral, sacada com balaustrada e janelas alongadas e com molduras na parte superior. Formava com o Palacete Chrispim, situado na outra esquina, um ponto nobre da cidade.

Paulo, que trabalha no Centro de Memória do Arquivo Histórico do município, é um apaixonado pelo patrimônio de Itatiba e lembra que o imóvel teve diversos usos no decorrer dos anos: “Na minha fase de criança aquele ponto era ocupado pelo Bazar Baladi, que pertencia ao senhor Miguel, um descendente de libaneses, e dona Fina. Foi lá que meus pais compraram boa parte dos brinquedos que ganhei. Mais tarde ele foi substituído por mais de uma dezena de empresas, entre lojas de roupas, barbearia, escritórios comerciais, loja agropecuária e até uma casa lotérica. Finalmente, a Drogasil fez a reforma e a restauração, instalando ali a farmácia”.

Vale lembrar que a casa é listada como de interesse histórico para preservação de sua fachada e volumetria pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Ambiental, Histórico, Cultural e Turístico do Município de Itatiba (COMDEPAHCTI).

Poucos anos depois, em 2013, uma jovem farmacêutica chegava para trabalhar no local. Diferentemente de Paulo, Lilian Maria de Pina Santos não o conhecia. Nem de Itatiba ela era. Antes de se fixar na Princesa da Colina (apelido dado à cidade por causa das colinas por onde se espalha), a moça fez um périplo pelo interior.

Filha de trabalhadores rurais, Lilian nasceu em Ribeirão Branco e passou por cidades como Itapira, Santo Antônio de Posse, Itupeva, Cambuí, Bom Repouso, Monte Mor, Valinhos e Campinas. Mudou de escola e de amigos várias vezes, o que para muitos seria motivo para desistir dos estudos. Para ela, foi o contrário.

Formada em Farmácia, ainda trabalhou um tempo em Vinhedo e só então se transferiu para Itatiba, cidade do marido. Logo na chegada, a jovem se enturmou com a equipe e fez amizades. O senhor Toninho, por exemplo, diz que Lilian tem mãos de anjo e, do alto dos seus noventa anos, só admite tomar injeção se for dada por ela: “Se não estou no balcão ele dá meia-volta e vai para casa”.

Também bons amigos são dona Neide, que é muito criteriosa e gosta de tirar todas as dúvidas; o senhor Eufrásio, que a chama de doutora; e o senhor Mauro, tipo bem-humorado que faz a alegria de todos na farmácia. E, como eles, muitos outros.

Dois caminhos, dois olhares, uma casa. Em tempos diferentes, Paulo e Lilian tiveram suas vidas ligadas ao casarão da Rua Francisco Glicério. Para um é um velho conhecido, para outra tem sido um novo porto seguro. Certo é que ele vive no coração dos dois.

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Rua Francisco Glicério, Itatiba

ESQUINAS COMERCIAIS

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HISTÓRIAS

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