LUGARES DE CUIDADO E MEMÓRIA
Raia e Drogasil: arquiteturas de interesse histórico
HISTÓRIAS

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três

Vicente Alves Pereira Neto é o que se pode chamar de um joinvilense da gema. Do lado paterno, sua família está radicada na cidade há mais de um século, e não é de espantar que ele tenha desenvolvido um forte sentimento de identidade.

Há um lugar especial em sua memória para as grandes empresas que ele via nos passeios de bicicleta, sinais do dinamismo econômico da cidade. Eram muitas, como a Hansen, a Consul e a Fundição Tupy. Igualmente marcantes eram os prédios históricos do Museu de Arte e da antiga sede da Prefeitura, que abrigou também uma revendedora de veículos Ford e a rodoviária local.

Vicente passou a infância no bairro Bom Retiro, na zona norte, onde, nos anos 1970, seu avô era dono de um comércio de secos e molhados. A loja possuía o único aparelho telefônico da região, usado como serviço de utilidade pública, transmitindo avisos sobre ações sociais ou o funcionamento das linhas de ônibus. Se houve uma frase que ele ouviu nos dias de menino foi esta: “Não fica muito tempo no telefone”.

Fã de futebol, Vicente passava horas jogando na rua, nos quintais das casas, em campinhos de terra e até em um lugar inusitado. “Uma vez eu e meus amigos jogamos uma partida no Cemitério de Imigrantes. Os túmulos serviram de traves.” Seu time preferido? O Joinville Esporte Clube, claro, o glorioso JEC.

Depois de estudar no destacado Colégio Bom Jesus, Vicente se formou em Ciência da Computação e, como boa parte dos jovens, iniciou uma peregrinação antes de se definir na vida profissional. Foi programador, corretor de imóveis e, de 2000 em diante, a convite de um amigo, começou a trabalhar como leiloeiro, atividade à qual se dedica há 22 anos.

Vicente conta que a profissão o faz lidar com “tristezas e alegrias”. Tristezas por ver situações como a execução dos bens de uma fábrica em pleno funcionamento. Alegrias por ver que na maioria dos casos há entendimento entre os litigantes e faz-se justiça em questões que levam anos até serem julgadas. Vicente gosta de frequentar a Raia da Avenida Getúlio Vargas, porque é um local que faz parte da sua história. “A Raia acertou ao alugar um espaço que tem lugar no coração das pessoas”, diz.

O imóvel em questão era a casa da família Rosa, adquirida em 1902 e reformada em 1920 ao gosto da época, com uma decoração de natureza eclética, diferenciada do modelo predominante de cabana rural de telhado inclinado. O porão alto, a ornamentação com relevos de motivos de flores e folhagens e os frisos e as molduras nas janelas atravessaram décadas, até que nos anos 1980 a moradia passou a ser alugada para fins comerciais.

“Ali funcionaram por anos o restaurante Mezzanino e, principalmente, a Discoteca Ao Bar”, Vicente recorda.
“E eu e meus amigos vivíamos lá.”

Naquele tempo era para namorar ao som de Phil Collins, A-ha e Tim Maia, ou se divertir conversando e tomando uma cerveja Antártica que os locais chamavam de Faixa. Hoje é para cuidar da saúde. As fases da vida são diferentes, mas aquela casa continua a fazer parte da história de Joinville.

ANTIGOS ESPAÇOS DE MORAR

Avenida Getulio Vargas, Joinville

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HISTÓRIAS

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