LUGARES DE CUIDADO E MEMÓRIA
Raia e Drogasil: arquiteturas de interesse histórico
HISTÓRIAS

Desde os primórdios

Pequeno ainda, da janela de casa, na Praça da Igreja de São Benedito, em Jaú, Levi Gonçalves Campanhã via meninos escovando e lustrando sapatos dos fregueses e foi falar com seu pai. “Pedi a ele uma caixa de engraxate. Eu queria porque queria trabalhar.”

O pai de Levi fez a caixa, mas, assim que a pôs nos ombros, o menino desanimou. Era pesada demais. Como a tinha feito assim de propósito, seu pai disse que lhe pagaria um pequeno valor se lhe engraxasse os sapatos. Levi aceitou. Tinha, então, cinco anos.

Dali em diante foi vendedor de frutas, legumes, doces, e trabalhou em uma loja de sapatos antes de se tornar aprendiz na Farmácia Nova Jaú. Com onze anos abria a unidade e fazia serviços gerais como empacotamento e recebimento de mercadorias. Foi realizando essa última função, aliás, que sua vida mudou.

Levi ia regularmente à loja da Drogasil (que operava também como distribuidora) pegar medicamentos faturados para a Nova Jaú. Ali seu comportamento sério e concentrado chamou a atenção do subgerente Adilson de Carvalho, que um dia o chamou à parte e fez uma proposta: “Que tal trabalhar com a gente?”. Era o início de uma história de mais de quatro décadas.

O prédio onde se deu esse encontro se destacava pelo estilo despojado e, ao mesmo tempo, vistoso. Seu pé direito suntuoso impressionava e a porta tinha o logo da empresa. Na empena, por anos a fio, foram pintados anúncios com frases sobre atenção com a saúde. A obra foi contratada pela empresa e tocada pela construtora Morse e Bierrenbach, dos engenheiros Dino Morse e Flávio de Sá Bierrenbach. Dino era filho de Victor Morse, primeiro diretor superintendente da organização.

Outros prédios como esse foram construídos Brasil afora, ganhando, com o tempo, o apelido de Edifícios Drogasil. Neles previa-se espaço para loja no térreo, ficando as outras unidades (exceto uma) reservadas para fins comerciais.

O apartamento que não era destinado nem para aluguel nem para moradia ficava no primeiro andar, logo acima da farmácia. Levi explica que a Drogasil separava essa unidade para os gerentes. “Eles normalmente vinham de outras cidades, e assim se viam desobriga- dos de procurar um lugar para morar. Ao se sentirem bem cuidados, podiam cuidar melhor das pessoas.”

A firma construiu outros prédios semelhantes ao de Jaú. Na capital paulista, por exemplo, no bairro de Cerqueira César, o edifício tem a frente alinhada no limite frontal do lote, mas em certa altura há pavimentos recuados. A fachada principal é formada por planos de cores e materiais diferentes, como as pastilhas de cerâmica branca dois por dois centímetros e o revestimento com aspecto de tijolo aparente que contorna as janelas. As varandas em ângulo, que avançam, são um destaque da obra.

Outro Edifício Drogasil é o da Praça Mauá, no centro histórico de Santos, com soluções que aludem ao padrão dessas construções. A diferença (que reflete a adaptação às normas de ordenamento territorial da cidade) é que ele tem dois blocos distintos, sendo o primeiro, de cinco andares e marquise avançando sobre a calçada, perfeitamente harmonizado com o entorno, enquanto o segundo, de catorze andares, não interfere na paisagem por estar em posição recuada.

“Esses imóveis falam sobre os primórdios da Drogasil”, enfatiza Levi. “Eles são um testemunho vivo da nossa história e fazem parte do nosso patrimônio afetivo e arquitetônico.”

CALÇADAS COSMOPOLITAS

Rua Augusta, São Paulo

CALÇADAS COSMOPOLITAS

Praça Visconde de Mauá, Santos

CALÇADAS COSMOPOLITAS

HISTÓRIAS

Pessoas e histórias nos lugares de cuidado da Raia e Drogasil

Nas farmácias, todos os dias, pessoas são cuidadas e vínculos são criados. Conheça os protagonistas e as histórias vividas nas nossas lojas.

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