Em meados do século XVIII, quando começou a se desenvolver, a cidade de Porto Alegre era formada, em sua parte alta, pela Praça da Matriz – o Alto da Praia –, local do poder político e religioso, e em sua parte baixa, pela praça da Alfândega, antigo Largo da Quitanda, praça do comércio e ponto de entrada dos navegantes para a cidade. A malha urbana se consolidou a partir de três ruas principais, a Rua da Praia/Rua da Graça (chamada de Rua dos Andradas a partir de 1865), a Rua Riachuelo (antiga Rua da Ponte) e a Rua Duque de Caxias (antiga Rua Formosa), paralelas entre si no sentido norte-sul e comunicadas por ladeiras transversais. Instalado em área peninsular, o núcleo urbano passou, entretanto, por sucessivos aterros, e a Rua da Praia, via comercial e movimentada, que a princípio beirava o lago Guaíba e se ligava ao porto, se distanciou das águas.
Esse sítio histórico e central da cidade mantém uma arquitetura variada, que reflete as mudanças ao longo do tempo, e foi reconhecido como patrimônio nacional. A Rua dos Andradas teve casarões e pontos comerciais e culturais famosos como cafés, livrarias, a Confeitaria Central e o antigo Hotel Majestic, atual Casa de Cultura Mario Quintana.
Remanescente da primeira ocupação da rua, o sobrado cujo térreo é ocupado pela Raia está em um trecho pedestrianizado desde a década de 1970 e ocupou diversos estabelecimentos e serviços ao longo do tempo. Ele guarda em sua fachada, sobre as janelas, relevos decorativos em forma de concha, remetendo à memória da rua.